Instituições governamentais, indústrias e área da saúde estão entre os principais alvos de ransomware, releva estudo
Nos últimos anos, empresas brasileiras foram grandes vítimas do ransomware e em 2022 não será diferente. Segundo o relatório anual da Apura Cyber Intelligence, as áreas mais visadas são as instituições governamentais e a indústria, que empatam em primeiro lugar, com 17,4%, seguida pelo setor de saúde, com 13%. Para a BugHunt, plataforma de Bug Bounty, e a Compugraf, provedora de soluções de segurança da informação, os prejuízos desse ataque são perda financeira, paralisação das operações, degradação da imagem e exposição dos dados.
Hoje, um dos malwares mais utilizados por cibercriminosos, o ransomware criptografa os dados e restringe o acesso aos sistemas infectados. Para voltar ao funcionamento normal, os cibercriminosos exigem um pagamento em dinheiro e/ou criptomoedas.
De acordo com a 1ª Pesquisa Nacional BugHunt de Segurança da Informação, realizada pela BugHunt, 26% das empresas brasileiras sofreram ataques cibernéticos nos últimos 12 meses, sendo que Phishing (28%), Vírus (24%), Ransonware (21%) e Vishing (10%) foram as ocorrências mais reportadas no período. Instituições como Copel Eletronuclear, Procuradoria-Geral da Fazenda Nacional, Colonial Pipeline, CVC Turismo e Porto Seguro foram algumas das vítimas. A Companhia Paulista de Força e Luz (CPFL) chegou a ter informações colocadas à venda por criminosos.
Segundo Denis Riviello, head de cibersegurança da Compugraf, existem muitas variações de ransomware, mas dois são os mais comuns. O Locker, projetado para bloquear funções básicas dos dispositivos, impossibilitando acesso aos dados, enquanto o usuário tem interação somente com a tela de resgate. E o Crypto, utilizado para criptografar os arquivos da vítima, onde, nesse caso, os dispositivos não são afetados, somente os arquivos.
“Geralmente, este malware entra na rede por alguma vulnerabilidade técnica, link malicioso ou arquivo comprometido, por meio de exploração de vulnerabilidades já conhecidas, ou vulnerabilidade humana, explorando a curiosidade de um colaborador usando o phishing”, diz Caio Telles, CEO da BugHunt.
Após a infecção, os arquivos passam a ser criptografados ou bloqueados. Muitas vezes, o malware consegue se movimentar lateralmente, atingindo outros servidores/dispositivos e causando a paralisação total dos sistemas.
Segundo os especialistas, quando uma empresa sofre um ataque desse tipo, seus serviços ficam comprometidos. “Como os cibercriminosos possuem a intenção de apelar para a urgência, muitas vezes esses serviços estão diretamente ligados aos usuários”, afirma Riviello.
Para Telles, na maioria das vezes, as empresas também percebem o ataque quando os colaboradores começam a notar que não conseguem mais acessar os arquivos e os sistemas começam a ficar inoperantes. Existem empresas com uma maturidade de cibersegurança mais elevada, que conseguem identificar antes que o ataque seja executado por completo, bloqueando a ação do malware e diminuindo o impacto do golpe.
Os executivos defendem que a segurança da informação não é mais uma opção e deve se tornar prioridade nas organizações, ainda mais quando há o lançamento de um projeto ou a criação de um novo processo.
De acordo com Telles, conscientizar os colaboradores para que saibam identificar phishings e links maliciosos, e implementar rotinas confiáveis de backups nos principais sistemas operacionais são ações fundamentais.
Já Riviello diz que além dos softwares de proteção contra ataques cibernéticos, o usuário precisa seguir as melhores práticas do uso das tecnologias. Principalmente nos computadores da empresa, o ideal é que os colaboradores evitem acessar informações pessoais e vice-versa. A atenção precisa ser redobrada ao clicar em links de e-mails e abrir anexos, assim como manter os programas e sistema operacional atualizados e não utilizar rede Wi-Fi pública sem o uso de uma solução de acesso seguro.
FONTE: EXAME