Hackers são conhecidos por desenvolver sistemas para roubo de dados e outras situações que colocam a segurança virtual em risco. No entanto, um grupo que atuava na distribuição de ferramentas de hacking agora mudou de vida. O Cult of the Dead Cow está desenvolvendo aplicativos de mensagens e redes sociais que não manterão os dados pessoais dos usuários.
Veilid, o que é?
Os ex-hackers desenvolveram uma estrutura de codificação, chamada de Veilid, que pode ser usada por desenvolvedores de aplicativos.
A equipe está se baseando no trabalho de produtos gratuitos como o Signal, que oferece criptografia forte para mensagens de texto e chamadas de voz, e o Tor, que oferece navegação anônima na web roteando o tráfego por meio de uma série de servidores para disfarçar a localização da pessoa que realiza a pesquisa.
O objetivo é que essas ferramentas não coletem dados do usuário, além de garantir a navegação segura.
Sem publicidade?
O principal desafio será convencer programadores e engenheiros a projetar aplicativos compatíveis com o Veilid.
Isso porque os fluxos de receita potenciais são limitados pela incapacidade de coletar informações detalhadas dos usuários, não podendo, por exemplo, distribuir anúncios segmentados nas plataformas.
A aposta, no entanto, é que a novidade atraia as pessoas que estão cansadas do formato atual das redes sociais.
Além disso, tem o respaldo de ativistas dos direitos civis que condenam o uso pela polícia de mensagens enviadas por texto e pelo Facebook.
“É ótimo que as pessoas estejam desenvolvendo uma estrutura de criptografia de ponta a ponta para tudo. Podemos ultrapassar o modelo de negócios de vigilância”, observa Cindy Cohn, diretora executiva da organização sem fins lucrativos Electronic Frontier Foundation.
A questão da moderação do conteúdo
Veilid é o lançamento mais significativo em mais de uma década do Cult of the Dead Cow, o grupo de hackers mais antigo e influente dos Estados Unidos.
Os desenvolvedores afirmam que a plataforma é tão fácil de usar quanto o Facebook.
O projeto não tem fins lucrativos.
Segundo o grupo, a ideia é ajudar aqueles com pouco dinheiro ou poder a ter as mesmas comunicações seguras que bilionários e especialistas.
“É muito raro você se deparar com algo que não esteja vendendo seus dados. Estamos dando às pessoas a capacidade de optar por não participar da economia de dados. … Devolva o poder aos usuários, dê agência sobre seus dados e dane-se essas pessoas que ganharam milhões de informações do período”, destacou Katelyn Bowden, uma das responsáveis pelo Veilid.
Uma das preocupações dos desenvolvedores é em relação a moderação de conteúdo, assunto que está no centro das discussões em função da disseminação de fake news e discursos de ódio no X, antigo Twitter, e no Facebook.
A criptografia total significa que os moderadores não poderão ver interações que são prejudiciais.
Por isso, ainda são necessárias adaptações antes da tecnologia efetivamente entrar em funcionamento.