Google, dono do YouTube, não direciona mais anúncios personalizados em vídeos infantis, mas novo precedente foi aberto
Por Vitoria Lopes Gomez, editado por Rodrigo Mozelli
Imagem: Ground Picture/Shutterstock
Anúncios no YouTube podem parecer algo aleatório, mas nunca são. Um novo caso mostrou o problema disso: um banco canadense contratou uma empresa para realizar anúncios de um cartão de crédito e veiculá-lo usando IA nos navegadores de possíveis clientes.
No entanto, o Google, dono do YouTube, o reproduziu em vídeos de um canal infantil dos Estados Unidos e todos que clicaram nele tiveram seus navegadores rastreados. Diversas empresas fazem isso e o caso abriu um precedente: quantas companhias de tecnologia estariam coletando informações de crianças no mundo inteiro e violando sua privacidade sem que elas ao menos soubessem?
Privacidade de crianças vs. anúncios do YouTube
Segundo o The New York Times, o caso abriu precedentes que podem violar uma lei federal de privacidade, que estipula que a coleta de dados de menores de 13 anos deve ser consentida pelos pais.
Antes disso, YouTube e Google já haviam pago multa multimilionária por coletarem informações de crianças ilegalmente. Eles se comprometeram a parar de veicular anúncios personalizados em vídeos destinados ao público infantil.
Já uma análise do The Times deste mês descobriu que a plataforma estava veiculando anúncios (inclusive em canais infantis) que levavam a sites que colocavam rastreadores nos navegadores dos usuários, possibilitando a coleta de dados.
Respostas de Google e YouTube
Direcionar anúncios a vídeos infantis não viola as leis de privacidade, mas coletar dados sim. Em resposta ao jornal, o Google respondeu que a empresa não tem capacidade de controlar a coleta de dados de sites depois que o usuário clica e sai da plataforma do YouTube.
De acordo com a big tech, isso poderia acontecer em um anúncio de um site qualquer que não o YouTube.
Preocupações
- Ainda, o Google afirmou que deu a opção de as empresas não direcionarem seus conteúdos a crianças. Segundo entrevistados pelo Times, isso não deu resultado na prática;
- Companhias do setor que falaram ao periódico também revelaram como receberam relatórios do desempenho de seus anúncios em vídeos infantis, pediram a exclusão e depois receberam novos relatórios – do mesmo anúncio em outro vídeo infantil;
- A preocupação principal é o que pode ser feito com os dados das crianças, já que vendê-los para fins maliciosos seria extremamente fácil.
FONTE: OLHAR DIGITAL