A startup pouco conhecida que poderá acabar com a sua privacidade

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Uma reportagem do The New York Times publicada na última semana sobre o Clearview AI, uma startup que desenvolveu um aplicativo de reconhecimento facial avançado, reacendeu nos Estados Unidos o debate sobre privacidade na era digital. E, em um estado, já rendeu processo na Justiça: em Illinois, um requerente alega que o app quebra leis estaduais que proíbem empresas de coletar dados biométricos dos cidadãos sem autorização.

O aplicativo do Clearview AI é simples de usar: você insere a foto de alguém e o programa vasculha mais de 3 bilhões de imagens disponíveis publicamente (em especial, nas redes sociais) em busca da pessoa. Pouco tempo depois, ele retorna com dezenas de fotos, nome e às vezes até endereço do procurado.

O que assusta é o tamanho: o banco de imagens do FBI chega a apenas 411 milhões de fotos, segundo dados da própria Clearview. O aplicativo também não precisa de uma foto “limpa” para identificar um sujeito: ele pode estar com a cabeça virada ou parcialmente escondida. Mesmo assim a identificação é feita. Mais de 600 agências de segurança pública já usam o app.SAIBA MAIS

No estado de Illinois, existe uma legislação, a  Biometric Information Privacy Act (Lei da privacidade de informação biométrica, ou BIPA), que proíbe o uso de dados biométricos de cidadãos sem autorização. Como o aplicativo cria uma “impressão digital de seu rosto” para te identificar, na prática ele faz uso de “dados biométricos.”

“Os requerentes têm interesse significativo em garantir que seus identificadores biométricos e informações, que estão em posse do réu Clearview, estejam protegidos de hacks e vendas ilegais,” diz o processo.

A reportagem do The New York Times revelou que departamentos policiais ao redor dos Estados Unidos já usam o aplicativo do Clearview AI para resolver crimes. E funciona: em um caso citado pela matéria, um policial no estado de Indiana identificou um homem que atirou em outro após uma briga em menos de 20 minutos. Como o suspeito nunca havia sido preso, nem tirado a carteira de motorista, não estava em nenhuma base de dados policial.

A preocupação é que o aplicativo seja usado de forma incorreta por pessoas que tenham acesso a ele. Por exemplo, para identificar e perseguir um desconhecido.

O Clearview AI, segundo o site Pitchbook, levantou até agora US$ 7 milhões de investidores. Entre eles, o polêmico Peter Thiel, fundador do PayPal. A empresa foi fundada em 2016 por Hoan Ton-That, um programador australiano de ascendência vietnamita.

Após a matéria ser publicada no The New York Timeso Twitter entrou com uma liminar para impedir que o Clearview colete imagens da rede social.

FONTE: EPOCA NEGOCIOS

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