Por Ghassan Dreibi
Na lista dos dez maiores riscos globais do Fórum Econômico Mundial deste ano, três deles são ligados à tecnologia: pane na infraestrutura de TI, desigualdade digital e falhas na segurança. Se, de um lado, o recente avanço da aceleração digital e a chegada do 5G, com o início da implantação previsto a partir do próximo ano, são importantes para diminuir o gap digital, por outro lado as brechas de segurança tendem a aumentar ainda mais.
É indiscutível o papel do 5G para levar banda larga para locais ainda remotos e diversas possibilidades de uso, seja na área da saúde, educação, mobilidade, entre outras. Nesse cenário, a grande pergunta que fica é: quando o 5G estiver presente no Brasil de maneira significativa, será que a prática de cibersegurança atual vai valer? E a resposta é não.
A partir dos inúmeros casos de uso da tecnologia e sua capacidade de atingir velocidades gigabit e baixa latência, será preciso que a segurança cibernética adote especificações maiores, criando soluções precisas para cada uso. Não basta instalar uma solução antivírus ou proteger-se criando senhas robustas ou adotar uma arquitetura de VPN na nuvem, mas sim atuar com ferramentas de segurança de maneira personalizada. Aplicações de indústria irão requerer uma regulação de cibersegurança para indústria, e assim por diante.
Um exemplo são os carros autônomos, um tipo de aplicação que exige baixa latência, e, consequentemente, requer soluções de segurança adequadas para esse cenário, em que se pode oferecer rede 5G para conectar o próprio carro a uma rede de celular. O mesmo acontece com iniciativas ligadas a cidades inteligentes, onde o 5G é o grande impulsionador. O uso de tecnologias aceleradas pela maior conectividade e velocidade no tempo de resposta das comunicações prevê um horizonte transformador para os centros urbanos como gestão eficiente de energia, câmeras inteligentes que comunicam crimes diretamente à polícia, sistemas de semáforos inteligentes, entre outros.
As ferramentas de cibersegurança personalizadas criarão, portanto, uma verdadeira rede de segurança, totalmente repaginada e adequada às exigências dessa nova era de hiperconectividade, que já é muito bem recebida pelo mercado. Uma pesquisa global da Deloitte sobre adoção do 5G, feita em 2020, mostrou que 86% dos executivos entrevistados acreditam que a tecnologia sem fio avançada transformará seus negócios em três anos. Portanto, as soluções de segurança precisarão ter interação cada vez maior com toda a cadeia de infraestrutura com base em três pilares: visibilidade profunda, mitigação de ataques de paradas de serviço e tomada de decisão com base na resiliência do ambiente (autenticado, segmentado, seguro).
Os hackers já estão visando as vulnerabilidades das tecnologias sem fio como novas brechas para amplos ataques cibernéticos. Sendo assim, uma cibersegurança robusta, não genérica e adaptada a cada aplicação é essencial para o nosso futuro com 5G.
FONTE: CANALTECH