Thales lidera nova aliança europeia para enfrentar o domínio da SpaceX no espaço

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A Thales, uma das líderes globais em defesa e tecnologia espacial, anunciou uma aliança estratégica com Airbus e Leonardo para criar uma nova empresa dedicada à fabricação e operação de satélites. A iniciativa, com sede na França e início previsto para 2027, busca fortalecer a autonomia tecnológica da Europa e competir diretamente com o domínio crescente da SpaceX, de Elon Musk.

O acordo marca a maior colaboração aeroespacial europeia desde a fundação da MBDA, em 2001, e representa um movimento decisivo em um setor cada vez mais dominado por constelações de baixa órbita, como a Starlink.

Por que a Thales é peça-chave nessa parceria

Com décadas de experiência em comunicações seguras, sistemas de defesa e tecnologias espaciais, a Thales assume papel estratégico no novo empreendimento.

Sua divisão Thales Alenia Space, que já é referência global em design e integração de satélites, traz o know-how técnico necessário para garantir eficiência, inovação e escalabilidade na produção de novas constelações européias.

Enquanto a Airbus contribui com a força industrial e a Leonardo com expertise em sistemas eletrônicos, a Thales se destaca como o centro tecnológico e integrador de inteligência do consórcio, consolidando-se como protagonista na corrida espacial do continente.

CompetiÇão com o ritmo da SpaceX

O setor espacial vive uma transformação profunda. A SpaceX, por meio da rede Starlink, lançou milhares de satélites de baixa órbita capazes de oferecer internet de alta velocidade em escala global,  um avanço que pressionou governos e empresas da Europa a reagirem.

A Thales e suas parceiras reconhecem que a fragmentação da indústria europeia dificultava a competição com o modelo verticalizado da SpaceX. O novo empreendimento busca corrigir isso, integrando recursos, tecnologia e processos sob uma única estrutura corporativa.

Com receita estimada em 6,5 bilhões de euros e 25 mil funcionários já no primeiro ano de operação, o grupo nasce com ambições de escalar rapidamente e gerar sinergias da ordem de centenas de milhões de euros em até cinco anos.

O Projeto Bromo e o modelo MBDA: colaboração como estratégia

O acordo, conhecido internamente como “Projeto Bromo”, foi inspirado na bem-sucedida experiência da MBDA, joint venture de mísseis criada há mais de duas décadas e que reúne Airbus, Leonardo e BAE Systems.

O modelo colaborativo provou que cooperação e especialização são caminhos eficazes para fortalecer a indústria europeia de defesa e tecnologia. Agora, a Thales aposta na mesma lógica para criar uma alternativa viável à hegemonia norte-americana no espaço.

Soberania europeia e inovação sustentável

O ministro francês das Finanças, Roland Lescure, destacou que a união “fortalecerá a soberania europeia em um contexto de intensa concorrência global”. Essa soberania vai além da política: significa garantir que os dados, comunicações e sistemas críticos europeus sejam protegidos e controlados localmente.

Para a Thales, essa é uma oportunidade de consolidar seu papel como guardiã da infraestrutura digital e espacial do continente, aliando segurança, inovação e sustentabilidade, princípios centrais de sua estratégia global.

O que essa aliança significa para o futuro da conectividade espacial

A parceria entre Thales, Airbus e Leonardo não é apenas uma resposta à SpaceX, é um reposicionamento estratégico da Europa no cenário global da conectividade.

Com o avanço das tecnologias de órbita baixa, o aumento da demanda por conectividade segura e o crescimento da economia espacial, a cooperação entre gigantes europeias se torna essencial para preservar competitividade e independência tecnológica.

A Thales, ao ocupar o centro dessa iniciativa, reforça sua visão de que a segurança e a inovação europeias devem caminhar lado a lado.

Conclusão

A criação dessa nova empresa marca o início de um novo capítulo na corrida espacial europeia. Sob a liderança tecnológica da Thales, o continente dá um passo firme em direção à autonomia estratégica e à inovação sustentável, estabelecendo uma base sólida para competir com players globais como a SpaceX.

Mais do que um acordo industrial, trata-se de uma declaração de soberania tecnológica e visão de futuro para o setor espacial europeu.

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