PIX vira novo desafio para combater golpes de Internet e especialistas debatem ações para conscientização

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João Monteiro

Falta de maturidade digital do brasileiro, capacidade e organização do cibercrime e a impunidade foram destacados como desafio para o País

Apenas um dia depois da liberação do cadastramento de chaves PIX, no dia 5 de outubro, a Kaspersky havia identificado 60 sites falsos para roubar informações de brasileiros. A velocidade com que o cibercrime se adapta a oportunidades e como a falta de conhecimento da população brasileira foi tema de um debate online realizado hoje (30/10) pela Federação Brasileira de Bancos (Febraban). Na ocasião, os especialistas em segurança explicaram que os cibercriminosos brasileiros são organizados e inovadores, enquanto a maior parte da população ainda não é madura o suficiente para lidar com a segurança de seus dados.

Adriano Volpini, diretor da Comissão executiva de Prevenção a Fraudes da Febraban, apontou que o Brasil tem três pontos fracos neste cenário: “Primeiro, o brasileiro não tem conhecimento digital e não trata suas informações digitais da mesma forma que trata no mundo real. Segundo, o nível do conhecimento tecnológico do hacker brasileiro é alto, havendo até exportação de malwares. Terceiro, a punição para crimes digitais ainda é fraca, o que incentiva a prática do crime digital.” 

Para trabalhar o primeiro ponto, ficou claro que é necessário conscientizar a população da necessidade de tratar seus dados com mais responsabilidade. “A melhor forma de se proteger é conhecer a ameaça”, afirmou Aldo Albuquerque, VP de Customer Delivery da Tempest Security Intelligence. “Os bancos brasileiros já são bastante seguros, mas não adianta você entregar um carro blindado para alguém se ele andar com o vidro aberto”, exemplificou o executivo. 

Ele explicou que o brasileiro ainda não tem maturidade para o ambiente digital e encara as ameaças na Internet mais inofensivas. “Ninguém daria a senha do cartão para alguém que pedisse isso pessoalmente, mas tem gente que não vê o mesmo risco no meio digital e entrega a senha e outros dados bancários para pessoas que se dizem funcionários de banco.” 

Iniciativas como a realização da Semana da Segurança Digital, da qual este debate fez parte, são a resposta dos bancos para conscientizar os usuários, segundo Volpini, da Febraban. 

Já sobre a capacidade do cibercriminoso brasileiro, ela tem sido destaque até fora do Brasil. “Hoje de manhã eu me reuni com oficiais da Europa porque os bancos europeus começaram a serem alvos do cibercrime brasileiro”, comentou Erik Siqueira, agente da Polícia Federal. Segundo ele, as instituições bancárias do Brasil estão mais preparadas para os golpes e que o mesmo não pode ser dito das europeias. 

“Os cibercriminosos são oportunistas e trabalham com o que está atraindo atenção. Eles são organizados e sabem como se aproveitar de quem não entende os riscos da Internet”, afirmou Siqueira. Albuquerque, da Tempest, complementa que eles se comunicam por grupos de Facebook e WhatsApp, operando ataques e até vendendo malwares e aparelhos para realizar golpes, como copiadores de cartão. 

“Parceria com o setor financeiro é fundamental para combater o crime. Através da cooperação público-privada é possível prevenir”, disse o agente da PF. Ele lembrou que os bancos já costumam avisar a polícia quando descobrem um novo golpe. “Tem que aumentar esse tipo de parceria, como foi feito nos casos de auxílio emergencial.” 

Por último, os especialistas comentaram sobre a necessidade de aumentar a punição sobre quem comete crimes digitais. Albuquerque, da Tempest, disse que é comum que um criminoso saísse da prisão após apenas três meses “só porque não tinha roubado alguém a mão armada”. “A sensação de impunidade é um problema, mas os PLs (Projeto de Lei) discutidos no Congresso podem resolver esta questão”, destacou Volpini, da Febraban. 

FONTE: IP NEWS

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