Plataformas gratuitas repassam dados de usuários para anunciantes

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Informações são usadas para a veiculação de anúncios segmentados em serviços para a Amazon, Google, entre outros sites; ao todo, mais de 20 mil sites foram analisados

Da Redação, editado por Fabiana Rolfin

Você sabe quem está espionando o seu comportamento na internet enquanto trabalha, estuda, faz compras ou simplesmente explora a rede? Segundo o The Markup, plataforma de jornalismo orientado a dados, milhares de empresas podem estar recebendo acesso aos seus dados — entre outras informações — sem que você saiba.

Em uma investigação realizada durante os últimos 18 meses pela plataforma, foi detectado que, por meio de ferramentas gratuitas de construção de sites, informações de usuários são repassadas para a veiculação de anúncios segmentados, servindo como “isca” para a Amazon, Adobe, LinkedIn, Google, entre outros. 

Também foi apurado que um número massivo de rastreadores estão em atividade em endereços, até mesmo naqueles que se vendem como seguros. Na maioria das vezes, os dados acabam sendo repassados por meio das definições de cookies. Ao todo, foram analisados mais de 20 mil sites. 

Investigação foi feita em mais de 20 mil sites pela plataforma The Markup. Créditos: iStock 

Foi descoberta uma série de normas e padrões do repasse de informações para serviços externos. Um dos exemplos: mais de 100 sites que atendem a imigrantes sem documentos que comprovem cidadania legal norte-americana, sobreviventes de abuso doméstico e sexual, profissionais da indústria do sexo e pessoas LGBTQI+, enviaram dados sobre seus visitantes para empresas de publicidade. 

Serviços médicos, como WebMD, páginas com notícias sobre a Covid-19 e endereços com informações voltados a clínicas de abortos, também foram alguns dos sites que mais repassam informações de terceiros a outras companhias.

O caso da Spart*A 

Um dos principais recortes da investigação foi o site da Spart*A, organização sem fins lucrativos servindo a militares transexuais e veteranos, cujo endereço foi feito por uma plataforma de criação de sites gratuita. 

Sua criadora, Kara Zajac, afirmou em entrevista que não rastreava usuários. “Nem todo mundo nas forças armadas quer ser conhecido por ser trans. Eles podem não ter saído do armário ainda. Portanto, sempre que pudermos proteger a privacidade dessa forma, tentamos fazer isso”, conta. 

No entanto, ao realizar o rastreamento da segurança do site, a equipe do The Markup conseguiu identificar mais de 21 empresas de tecnologia que estavam tendo acesso a dados dos visitantes do site da associação. Alguns braços do marketing e publicidade de plataformas como Google, Amazon, Oracle, entre outros, estavam recebendo informações e, consequentemente, enviando possíveis sinais sobre a identidade de gênero dos visitantes aos anunciantes sem o consentimento prévio.

Zajac ficou chocada quando o The Markup mostrou a ela quantos rastreadores apareceram no site da Spart*A. Ela afirmou que aprendeu uma lição valiosa com a experiência: “Se é grátis, isso não significa que é grátis. Significa apenas que não há nenhuma troca financeira envolvida.”

Em vez disso, custa a privacidade dos visitantes do seu site.

FONTE: OLHAR DIGITAL

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