Criar avatar no Facebook rouba dados? Veja diferença para outras “modinhas”

Views: 434
0 0
Read Time:4 Minute, 28 Second

Já criou seu avatar no Facebook? Aposto que você já ouviu essa pergunta de alguém recentemente. O novo recurso da plataforma permite que o usuário crie um “bonequinho” com diversas características para deixá-lo o mais parecido possível com a pessoa. Mas será que é seguro ou pode trazer surpresas como em testes do tipo “Como Você Seria Se Fosse Do Gênero Oposto?”.

Primeiro, é preciso entender a principal diferença nesse caso: os avatares são criados em um recurso do próprio Facebook, enquanto o aplicativo citado, por exemplo, é de outra empresa.

“Nós lançamos os avatares para ajudar as pessoas a se expressarem de forma ainda mais personalizada no Facebook, criando um personagem digital divertido, único e autêntico, num ambiente seguro”, afirmou o Facebook a Tilt.

Para criar o novo avatar, basta acessar o app do Facebook para celulares. Depois siga estes passos:

  • Acesse o menu principal (três barras horizontais no topo direito)
  • Desça a tela e clique em Veja mais > Avatares > Avançar
  • Personalize com tom de pele, cabelo, rosto, olhos, boca, nariz, sobrancelhas, barba, corpo, roupas e acessórios
  • No topo direito, compartilhe no feed ou defina como foto de perfil

Já outros aplicativos terceiros que atuam no Facebook pedem para vincular a sua conta ao app e aceitar os seus termos de uso. É neste último quesito que está o problema.

“O avatar é um recurso do próprio Facebook. Isto significa que quaisquer riscos à privacidade na utilização dele serão os mesmos riscos de usar a rede social”, afirma Fabio Assolini, analista de segurança sênior da Kaspersky. “Para usar o recurso, as pessoas não precisam conceder nenhuma nova permissão”, confirma a plataforma.

Ou seja, criar o avatar não muda nada em relação ao que você já aceitou para criar um perfil no Facebook. Mas, em outros aplicativos você entrega para a empresa responsável informações como nome, imagem do perfil, data de nascimento, lista de amigos, contatos e o endereço de email usado para logar na rede social.

Empresas como a Kuezz, responsável pelo “Como Você Seria Se Fosse Do Gênero Oposto?”, dizia nos termos —que normalmente aceitamos sem ler— que usará nossos dados pessoais para “melhorar o site com base em suas preferências e experiências”, “oferecer conteúdos promocionais”, “criar dados estatísticos, modelos comportamentais e tendências”. Ou seja, a intenção é transformar essas informações em dinheiro.

Além disso, chamou atenção na época a Kuezz falando em compartilhar seus dados com “terceiros interessados em lhe fornecer determinados conteúdos promocionais” ou que sua foto de perfil pode aparecer “como parte integrante dos serviços que oferecemos (ou seja, sua imagem aparecerá em certos questionários ou jogos, MESMO para pessoas que você não conhece)” —com o MESMO em caixa alta.

Já o Facebook, em suas diretrizes, vai na linha contrária, afirmando que não vende “seus dados pessoais para anunciantes e não compartilhamos informações de identificação pessoal (como nome, endereço de email ou outras informações de contato) com os anunciantes, a menos que tenhamos sua permissão específica”.

Moldando comportamentos

Em 2018, o jornal americano The New York Times deniunciou que a empresa de dados Cambridge Analytica usava o Facebook para criar perfis psicológicos de milhões de pessoas a partir de quizzes populares. Essa empresa foi contratada pela campanha de Donald Trump à presidência dos EUA, por exemplo.

Para Carlos Cortizo, gerente de Engenharia da Fortinet Brasil, essa influência no comportamento é o maior dos problemas. Nas redes sociais, dificilmente colocamos informações como o número de cartão de crédito ou dados bancários, mas os cedemos sem saber para esses apps pouco conhecidos. E isso será usado contra os usuários.

“Talvez o usuário pense, ‘ah, mas é a foto do meu cachorro’, ou ‘fui para a praia e a foto tem só eu e minha mulher’. O ponto é que esses dados entram em um mecanismo de análise e inteligência artificial que consegue devolver para você sugestões por meio das redes sociais, que vão moldar seu comportamento”, afirma.

O especialista explica como, por exemplo, uma plataforma pode tratar dados que as pessoas acham irrelevantes, como o ano do nascimento. “Não vai mudar nada alguém saber que nasci em 1977. Mas a IA pode associar meu ano de nascimento com aquilo que eu via na década de 1980, começar a sugerir coisas que eram levadas em consideração nessa época. Vou me identificar com aquilo e compartilhar”, diz.

Leu as permissões?

Atire a primeira pedra quem nunca clicou no “concordo” sem saber do que se trata. Um levantamento da Kaspersky aponta que 63% dos usuários dizem não ler o contrato de licença antes de instalar um novo aplicativo.

O problema é que, ao clicar no “aceito”, o usuário permite que aplicativos instalem outros apps ou alterem a configuração do sistema operacional de um aparelho celular ou tablet. Para Fabio Assolini, da Kaspersky, quem não lê os termos “esquece de pensar sobre como seus dados podem ser usados”.

Carlos Cortizo segue na mesma linha, mas dá uma valiosa dica: pesquisar palavras-chaves quando o aplicativo abrir os “termos e condições”.

“Acho que é complexo para o usuário ler os termos e condições de todos os aplicativos. Mas, se possível, ele deveria apertar o Ctrl + F [comando de busca de texto no computador] e pesquisar por temos como ‘dados’, ‘compartillhar’, ‘permitir’, palavras que possam levá-lo a saber como os dados serão usados pelo aplicativo.”

FONTE: BOL

POSTS RELACIONADOS